Especialistas alertam que os grupos de conversas criados por pais de alunos não substituem ‘presença física’

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Aplicativos como o WhatsApp facilitam a vida de milhares de pessoas, mas também podem se tornar um território sem lei e gerar muita confusão, caso não sejam usados com a devida prudência e cautela. É o que têm acontecido nas escolas: grupos de WhatsApp de mães e pais de alunos têm provocado dor de cabeça tanto para pais quanto para os professores e gestores de escolas.
A gerente pedagógica da Editora Positivo, Milena Fiuza, que abordou o tema em palestra ministrada a gestores na manhã de ontem, afirma que os grupos em aplicativos como o WPP são benéficos e efetivos, mas é preciso que pais e responsáveis saibam usar a ferramenta sem expor os filhos e evitem confusão, que nos grupos de sociais podem começar com um simples “post” mal interpretado e chegar à esfera judicial.
“É um instrumento bacana porque reúne os pais. Então, eles podem trocar informações, podem avisar sobre situações que ocorreram ou até eventos que reunirão os alunos. Por outro lado, eles precisam ter uma certa etiqueta e cautela para usar um grupo de WhatsApp de pais de alunos, assim como em qualquer outro lugar. Como grupo de família e grupo da empresa, é preciso ter a noção que não se pode falar tudo e expor tudo que se quer”, alertou.
Em casos mais graves, a especialista afirmou que pais chegam a expor fotos de filhos em situações constrangedoras e até a difamar a instituição e os professores dos filhos. “É preciso ter muito cuidado com o que se compartilha e o que se escreve. Aquelas conversas geram provas que podem ser usadas na Justiça. Muitas pessoas, no calor das emoções, escrevem coisas que não deveriam e se prejudicam lá na frente”.
Não substitui presença
Outro problema gerado pelo uso excessivo do aplicativo apontado por Milena é que alguns pais de alunos têm deixado de ir às reuniões, pois acham que podem ficar informados apenas pelos grupos, e essa atitude gerar prejuízos à escola e ao próprio aluno. “Há pais que não vão mais às reuniões escolares e é algo que não pode ser abandonado. Mas eles querem saber, por outros pais, pelo Whatsapp, como foi a reunião e o que foi tratado. É um ponto bem negativo desses grupos”.
Para a gerente pedagógica, apesar dos grupos terem pontos positivos, o diálogo ‘frente a frente’ entre gestores e pais de alunos não pode ser esquecido ou substituído. “Muito do que eles discutem nos grupos deve ser tratado apenas com a direção. Às vezes, por causa da falta de conversa, informações falsas ou equivocadas são espalhadas em outros grupos e comprometem a imagem das instituições, que não tiveram como se defender porque não houve diálogo”.
Número de pais em reuniões reduziu após grupos de Whatsapp
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Os grupos de pais de alunos no WhatsApp têm afastado alguns deles da escola. É o que afirma a gestora do Instituto Denizard Rivail,  Lorena Gomes Serqueira Gregório,
“Há pais que deixam de ir às reuniões de pais nas escolas por causa desses grupos. Eles acham que sabem de tudo e isso é perigoso, porque as informações podem ser repassadas de forma equivocada”, disse.
Para Lorena, a tecnologia nunca poderá substituir as reuniões presenciais que, segundo ela, são as melhores oportunidades de resolver algum tipo de desentendimento entre pais, alunos e instituições.
“O ambiente escolar é o local de fazer essas reuniões e resolver problemas relacionados aos alunos e não pode ser substituído. Antes dos grupos, os costumavam conversar entre eles e com os professores enquanto esperavam os filhos, na frente da escola, e sempre nos trazíamos os problemas, que resolvíamos. Agora fica cada um no seu celular”.

Tecnologia na correria
Para a dona de casa Maria Souza Castro, 26, mãe de uma criança de 9 anos, os grupos facilitam a conversa entre os pais e até com a direção da escola, mas devem ser utilizados com cautela.
“Os grupos servem para a gente saber o que está acontecendo na escola e eu acho muito interessante, mas acho que cada pessoa deve saber o limite, deve saber o que pode e o que não pode ser falado. O problema é que hoje às pessoas acham que podem tudo“, disse.
A industriária Hanna Júlia de Almeida, 29, disse que o App é uma das melhores formas de saber o que está acontecendo na escola. “Passo o dia trabalhando e estudando, não tenho tanto tempo para ir à escola. O grupo facilita minha vida”, disse.
Lista de transmissão
Com o objetivo de desenvolver uma comunicação direta e personalizada, a direção do Colégio Preciosíssimo Sangue utiliza o aplicativo, mas não possui grupos de Whatsapp. Segundo o diretor do colégio, Joel  Xavier, eles repassam as informações que acham necessárias aos pais por meio de lista de transmissão e nunca por meio de grupos. “Nós não ficamos para trás, mas achamos muito mais eficiente utilizar a lista de transmissão. Dessa forma, evita-se confusões e brigas entre a instituição e os pais por alguma interpretação errada das informações”, disse.

Fonte: Álik Menezes
Manaus