Cresce número de fraudes em casos de doação de esperma no Brasil

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Dezessete anos atrás, quando estava na casa dos 30 anos, Cindy e sua companheira decidiram que queriam ter filhos. O casal passou horas analisando o perfil de doadores de esperma, finalmente optando por um homem com excelente ficha médica e poucos problemas de saúde no histórico familiar. Conheciam o doador apenas pelo seu número de identificação.

Cindy deu à luz um menino saudável e, posteriormente, usou o mesmo doador para gerar outro menino. Quando eram mais velhos, os irmãos encontraram alguns de seus meios-irmãos ao pesquisar o número do doador do esperma em um banco de dados na internet. Os pais dos meios-irmãos acabaram pedindo que todos realizassem testes de DNA.
O resultado revelou que os meninos de Cindy não tinham parentesco com as outras crianças. O banco de esperma tinha vendido a ela sêmen de um doador diferente daquele que ela selecionou tão cuidadosamente. Posteriormente, ela descobriu que seu histórico familiar era problemático: uma avó morrera de câncer no cérebro e um avô teve mal de Alzheimer.
Ninguém acompanha o número de pessoas que descobrem nos Estados Unidos que o esperma comprado não é do doador de sua escolha. Mas, na era dos testes de DNA ao alcance do consumidor, um número cada vez maior de pais e seus filhos concebidos com a ajuda de doadores está descobrindo que o banco de esperma ou clínica de fertilidade forneceu o sêmen errado, frequentemente décadas após o ocorrido.
“São histórias de cortar o coração, e muito desafiadoras do ponto de vista da lei”, disse Dov Fox, especialista em bioética da Universidade de San Diego, na Califórnia. “Os bancos de esperma são sujeitos a rigorosas regulamentações, e esse tipo de confusão não é totalmente inimaginável quando ficamos sabendo do número de bancos de esperma que usam métodos antiquados para a identificação, como papel e caneta.”
Melissa, uma mãe solteira de Massachusetts, descobriu ter recebido o esperma errado da clínica de fertilidade quando a filha de 21 fez um teste de DNA. “Não é o mesmo que um estupro”, disse Melissa. “Foi um procedimento médico. Mas é algo no meu corpo colocado contra a minha vontade, e sinto-me fisicamente violada.”

Fonte: Agência Estado